quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Mensagem de uma mãe que perdeu um filho em crime de trânsito

Por Malu Lumsden*

Esta mensagem é para quem alega ter tomado “só uma margarita”, ter saído do bar, perdido o controle do carro em uma das ruas mais tranquilas do planeta e … capotado o veículo sobre um jovem que voltava para casa, a pé!

Esta mensagem é para quem bebe tudo, usa de tudo e destrói a vida de um rapaz que volta, em sua moto, para a esposa e para os dois filhos, após um dia de trabalho. Na escuridão, um carro surge na contramão. Um homem agoniza no asfalto. Com a indiferença de quem não sabe ser sóbrio, um covarde foge como fogem todos os covardes. Interceptado por um policial, estufa o peito e com arrogância indaga: “ – sabe com quem está falando?” Crise de identidade…? Amnésia pós-bebedeira?

Esta mensagem é para quem acha que pode dirigir, mesmo quando sabe que está cansado e a ponto de dormir. Afinal, é um trabalhador, e isso o coloca acima do bem e do mal. Claro que ele espera do motorista do ônibus, do motorista do trem, do comandante de avião, do cirurgião a responsabilidade que ele não tem, mas ele é um trabalhador, e todos os outros estão na folga… No caminho, entra na contramão, quando “tira uma pestana e a vida” de um jovem. Em casa, a esposa desse jovem e a filha (que há apenas três anos aprendeu o que é ter uma família) jamais voltarão a vê-lo. Essa criança, órfã de pai até os quatro anos, voltará a ser órfã.

Esta mensagem é para os que tiram racha, porque acreditam que sejam bons no volante. Eles precisam de adrenalina. Se houver um acidente, o lema é continuar a correr e negar responsabilidade. Morto não testemunha. Vale a palavra de quem está vivo e de seu advogado.

Esta mensagem é para os familiares e amigos dos irresponsáveis que os acoitam, abrigam, escondem. É para quem vai bater no ombro desses ‘azarados’ : “- Foi uma fatalidade, filho. Você não teve culpa. Não queria matar.”

Esta mensagem é para os que alegam que eles são réus primários. A título de contribuição: nossos mortos também são primários. Foi a primeira vez que eles morreram. E a última. Eles não terão amanhã ou depois de amanhã.

Enquanto o irresponsável delicia-se com uma margarita, come pizza ou moqueca, nossos mortos jazem. Enquanto o papai dele ou dela tenta enganar-se e enganá-lo ou enganá-la com uma frase hipócrita: “você não teve intenção…no fundo foi uma fatalidade…”, nós não temos como nos enganar. A morte é definitiva; a dor, sólida e absoluta.

Esta mensagem é para os legisladores que dormem, enquanto uma lei senil protege os irresponsáveis. 007 – LICENÇA PARA MATAR!

No fundo, a mensagem da sociedade para os que assumem toda a sorte de risco e matam é:“Que feio! Que seja a primeira e última vez!”

Meu filho foi morto no dia 04 de agosto, mas o ano tem muitos dias…

*Malu Lumsden é mãe de Alex Russo
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